Cuba: roteiro de 1 dia em Havana, partindo de Varadero

Esse é o segundo post da série de passeios que fizemos em Cuba, o primeiro foi sobre Varadero e o segundo sobre Cayo Blanco. Conhecer Havana estava no topo da minha lista do que fazer em Cuba. A cidade fica a uns 150km de Varadero e a viagem dura umas 2 horas.

Os agentes de viagem do hotel oferecem diversos pacotes de viagem para Havana, que vão desde 67CUC até 95CUC (adulto) e 51CUC a 72CUC (crianças). Sendo que em apenas 2 excursões é permitido levar crianças. Nem todos tem saídas diárias. No passeio mais caro está incluído o almoço.

Logo no segundo dia, conhecemos um cubano chamado Ray, oferecendo seus serviços de guia turístico. Seguindo a dica de uns canadenses que estavam no hotel, fechamos o passeio com ele. O custo foi de 120CUC para nós 4 pelo transporte num carro clássico e o tour. Achamos que seria muito mais interessante ir dessa forma e teríamos mais flexibilidade, que é fundamental para quem está com crianças.

Como vocês podem imaginar, um dia não é nem de longe suficiente para conhecer Havana de verdade e desfrutar de sua arquitetura, arte e música. Mas adoramos tudo que vimos e certamente, pretendo voltar. Para mim esse foi o nosso melhor e mais autêntico dia em Cuba.

Passeando num carrão clássico

No dia do passeio, ele chegou no hotel no horário combinado, junto com o Humberto (o motorista) num carrão clássico e vermelho.

O carro estava super bem conservado por dentro e fora. Porém ele tinha vários upgrades como ar condicionado, alarme, vidros elétricos, porta USB para carregar o celular e motor Hyundai. Coisa mais linda!

Para quem planeja alugar um carro e ir por conta, as estradas de Cuba estão em bom estado de conservação e são bem tranquilas para dirigir. O pessoal dirige na boa e não é agressivo no trânsito.

Saímos de Varadero, onde tudo é feito para turista ver, e começamos a ver Cuba de verdade. Fomos conversando com o Ray e ele explicava um pouco sobre os lugares que estávamos passando. Plantas nativas, fábrica de açúcar, usina termelétrica, nomes dos povoados, etc.

O Mirante de Bacunayagua

Rapidinho chegamos na nossa primeira parada do tour, o Mirador de Bacunayagua, de onde é possível ver a ponte, de mesmo nome, e tomar a melhor piña Colada (5CUC) que já provei na vida. Sério, não deixe de tomar. Se você não toma bebidas alcoólicas, peça uma sem rum.

O Jaime e o Ray tomando as famosas piña coladas

A ponte Bacunayagua tem 313,5m de comprimento e 110m de altura. Ela é considerada uma das sete maravilhas da engenharia cubana e foi construída sobre o Valle del Yumurí. Ela marca a divisa das províncias de Matanzas e Mayabeque.

O tour em Havana

Chegamos em Havana e a primeira coisa que vimos foi o Castillo De Los Tres Reyes Del Morro, a fortaleza que guarda a entrada da Baía de La Habana.

Para quem não sabe, aqui em Cuba eles se referem a sua capital como La Habana. A pronúncia do “b” é quase igual ao nosso “v”. 

Passamos pelo túnel e saímos na Calle 1ra. Vimos o Malecón, o Hotel Nacional e fomos até a Plaza de la Revolución. Nessa praça estão loalizados a Biblioteca Nacional, prédios governamentais e o José Martí Memorial, uma torre em forma de estrela, com 109m de altura. Na fachada dos prédios estão estampadas as faces de dois heróis da Revolução Cubana, Che Guevara e Camilo Cienfuegos.

Seguimos de carro até o Capitólio e depois a pé pela rua Paseo de Martí, até o parque Central. Vimos o Gran Teatro de La Habana e um hotel russo super chique chamado Manzana Kempinski. Entramos numa viela em frente ao hotel e saímos na Avenida Bélgica.

Saímos praticamente em frente ao restaurante e bar Floridita. Segundo os cubanos, o Daiquiri foi inventado nesse lugar, na Calle Obispo. O restaurante também é famoso por ter sido frequentado pelo escritor Ernest Hemingway. Inclusive há uma estátua de bronze em homenagem a ele, num cantinho do Floridita. Nós entramos para conferir o ambiente e deu vontade de sentar ali. Pena que nosso tempo era curto.

Seguimos pela Avenida Bélgica, passando pelo Museo Nacional de Bellas Artes, Museo de La Revolución, até um dos fragmentos da antiga muralha de Havana. O motorista estava nos esperando ali na Plaza 13 de Marzo, para nos levar para almoçar.

Durante todo o passeio o Ray nos contou detalhes sobre a história de cada prédio e cada estátua que víamos. O fato de termos o carro à disposição foi ótimo para ganharmos tempo e para não cansar as meninas, que só reclamaram quando estavam com fome.

A história do almoço em Havana

Por volta das 12:30h, entramos no carro, demos umas voltas, passamos pelo túnel que vai de uma ponta a outra da Baía de La Habana, até chegarmos numa rua residencial, super tranquila.

Nada de restaurante, só casas e dois caras conversando em frente a uma delas. Porém, a quantidade de carros estacionados na rua, nos deu a certeza que ali havia algo mais. Só não conseguíamos enxergar onde.

Paramos em frente a casa onde os dois homens conversavam, e eles abriram o portão. Ao entrar percebi uma placa discreta de reconhecimento no Trip Advisor. Por trás da fachada inocente estava escondido um quintal cheio de vida e com ar clandestino (não era mas foi como me senti). Música ao vivo, conversa boa, coquetéis, comida deliciosa e galinhas circulando pelo quintal. Almoço mais autêntico, impossível.

E não deu tempo de tirar foto bonitinha da comida porque estávamos morrendo de fome e atacamos os pratos.

O nome do restaurante é Paladar El Canonazo e no local também funciona um hostel. Aliás esse tipo de restaurante é chamado de “paladar” pelos cubanos. Os lugares que eles chamam de restaurantes tem comida mais padronizada e não tão saborosa, segundo o Ray.

O custo do almoço para nós 4 e mais o Ray (nós chamamos ele para almoçar com a gente) saiu por 84CUC (CAD$110), incluindo a gorjeta de 10% que veio adicionada na conta. Não lembro quanto era em CUC porque pagamos em canadense. Eles aceitavam em Euro também.

O tour por Habana Vieja

A segunda parte do nosso tour foi na parte antiga da cidade, chamada de Habana Vieja. Essa foi a parte da cidade que me deixou mais impressionada. Sou apaixonada por arquitetura e história, então podia facilmente passar o dia interio ali, caminhando pelas ruas de paralelepípedos, prédios e praças colonias, ouvindo salsa numa esquina ou outra.

Passamos de carro pelo centro de Havana e descemos numa rua estreita com prédios caindo aos pedaços. Mas sabe quando você vê ordem no caos, foi essa a minha impressão de Central Havana. Seguimos a pé para Old Havana, que é totalmente diferente de Habana Central. Prédios coloniais, ruas de paralelepípedos, praças e muitos turistas.

O Ray nos levou nas 4 praças mais famosas, cada uma com sua personalidade e juntas contam um pouco da história de Havana.

Plaza Vieja

Nossa primeira parada foi na Plaza Vieja, que em 1559 era Plaza Nueva. Ela chegou a ser usada como estacionamento mas foi completamente restaurada e voltou aonseu esplendor. Ela é bem colorida e tem prédios de eras diferentes, com suas janelas em formato de meia lua.

Plaza San Francisco de Asís

Essa praça surgiu lá pelos anos de 1500 e era onde acontecia a feira, por causa da proximidade com o porto. Depois com a construção da igreja, o mercado foi transferido para a Plaza Vieja.


Perto da porta da igreja está a estátua de José María López Lledín, El Caballero de París, um espanhol que sofria de problemas mentais e vagava pelas ruas de Havana. Quando as pessoas lhe davam comida, ele lhes dava poemas de volta. Em sua loucura, ele dizia às pessoas: “Eu não sou um mendigo, sou um cavalheiro de Paris”. Os cubanos acreditam que se você tocar na barba, dedo e pisar no pé dele ao mesmo tempo, você terá sorte. Na dúvida, eu fiz.

Plaza de la catedral

Essa é uma das praças mais famosas e geralmente visitada primeiro pelos turistas. Os prédios com arquitetura do século 18 e a Catedral de San Cristóbal são um símbolo de Havana. Essa foi a praça que eu achei mais bonita.

Logo ali na esquina está La Bodeguita Del Medio, onde foi inventado o Mojito. um dos meus coquetéis favoritos.

Havana

Paramos para tirar fotos em frente a La Bodeguita del Medio e essa mulher sorridente se meteu no meio da foto. Me deu um charuto e disse que era para a foto ficar mais autêntica. Depois demos umas moedinhas a ela e em troca ganhamos o charuto para presentear o guia.

Plaza de Armas

Foi a última praça que visitamos e é um ponto de encontro dos cubanos. Ao olharmos ao redor vimos crianças com farda da escola, idosos conversando, músicos tocando. Foi construída em 1600 e foi usada para fins militares até meados do século 17. Se você for nessa praça numa terça ou domingo, há uma feira de livros e revistas antigas.

O contato do Ray

Eu super recomendo o Ray pela sua simpatia e conhecimento. Se você quiser entrar em contato com ele, use o WhatsApp +53 52442422. Além de espanhol, ele fala, inglês, francês e entende portunhol. A gente fez uma mistura de inglês, espanhol e português e todo mundo se entendeu.

Dicas para quem vai por conta própria

  • Claro que dá para ir a Havana por conta própria. Dá para alugar um carro, pegar um taxi e até ir de ônibus.
  • Gasolina custa em média 1.1CUC por litro. Não há muitos postos então o melhor é encher o tanque quando ver um.
  • Se você quiser ir no ônibus intermunicipal tem um terminal da Viazul, em Varadero, na esquina da Calle 36 e Autopista. A passagem custa 10CUC por pessoa e demora 3h para chegar em Havana. O primeiro ônibus parte de Varadero as 8h da manhã e o último sai de Havana às 18h.
  • Em Havana, pegue o ônibus hop on/hop off para fazer o circuito nas principais atrações. O custo é 10 CUC por pessoa.
  • Estacionamento em Havana, percebi que há pessoas com um colete vermelho que cuidam dos carros e cobram estacionamento. O Ray disse que custava 0.50 CUP por hora (o dinheiro dos locais). Isso é equivalente a uns 5 centavos de dólar canadense por hora. Porém, se um turista estiver sozinho, ele aconselha a pagar 1CUC para o cara olhar o carro com mais carinho.

Continue lendo sobre Cuba:

Um rolé por Varadero e Península de Hicacos, em Cuba
Passeio de barco para a ilha de Cayo Blanco
O que você precisa saber antes de viajar para Cuba

Livi

Baiana expatriada em Toronto. Adora escrever sobre suas viagens em família e experiência de vida em Toronto

Você pode gostar...

4 Resultados

  1. Patrícia Gazda disse:

    Oi Livi! Fui para Cuba na semana passada com meu marido e quero muito te agradecer pelas dicas valiosas que vc escreveu aqui. Inclusive contratamos o Ray e nosso dia em Havana com ele fez toda diferença. Ele pediu para eu mandar um abraço pra amiga do blog!

    • Livi disse:

      Oi Patrícia,

      Ahh fiquei feliz agora! Primeiro por vocês terem tido uma ótima viagem e segundo por terem contratado o Ray. Ele é muito gente boa!

      Beijos

  2. Ginapsi Blog disse:

    Linda a cidade! Gostei dos prédios. São lindos e bem conservados.

  3. Beatriz disse:

    Adorei!!! Sempre tive simpatia por Cuba, e agora vendo tudo isso, tenho mais certeza de que, se puder ir até lá um dia, vou amar!! Tuas fotografias são lindas e o texto muito agradável!
    Meu sonho é um dia viver no Canadá!

Deixe um Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.