Como ensinar nossos filhos a serem bons cidadãos

As vezes me pego pensando sobre como está faltando mais amor, compreensão e compaixão no mundo. Será que eu posso fazer alguma coisa para que as minhas filhas  vivam num mundo melhor? Sim, posso ensina-las a serem pessoas melhores e torcer para que outros pais também se preocupem em formar bons cidadãos.

Então esse mês, eu e as outras mães do projeto Mães no Canadá queremos compartilhar um pouco do que cada uma de nós está fazendo para que nossos filhos se tornem bons cidadãos do mundo. Eu sei que não existe uma fórmula mágica para criar filhos, a gente apenas tenta fazer o que acredita ser melhor.

Bons cidadãos

Dar o exemplo

Antes de pensar em ensinar qualquer coisa, me preocupo em agir e me comportar da forma que eu espero que as minhas filhas se comportem.

Porque não adianta muito eu falar uma coisa e fazer outra. Elas irão se espelhar no meu comportamento.

Respeitar as diferenças

Eu acredito que todas as pessoas têm direito de escolher como querem viver, desde que isso não interfira na vida dos outros.

As vezes a gente não se identifica com as escolhas alheias mas isso não nos dá o direito de desrespeitar ninguém. Quando há divergências, podemos educadamente expor a nossa forma de pensar e argumentar, respeitando sempre o direito do outro.

Também ensino que religião, cultura, aparência física, classe social ou opção sexual, não fazem de ninguém melhor ou pior do que os outros. Somos todos seres humanos e merecemos respeito.

Uma coisa que sempre digo a elas é “imagine se só existisse um tipo de brinquedo, da mesma cor, para todas as crianças. Cada criança poderia ter vários, mas seriam todos iguais. A resposta delas é que seria muito chato ter tudo igual. Aí explico que, da mesma forma, se todo mundo no mundo fosse igual fisicamente, gostasse das mesmas coisas e tomasse as mesmas atitudes, seria um mundo super chato.”

As diferenças tornam a nossa vida mais interessante.

Aqui no Canadá somos expostos a uma diversidade de povos, culturas e idiomas muito grande. As crianças aprendem a conviver em harmonia com isso desde cedo. acho isso um privilégio. Nossas diferenças nos fortalece.

Igualdade de gênero

As minhas filhas sempre tiveram a liberdade para fazer qualquer tipo de atividade que quisessem, mesmo aquelas que são rotuladas como “de menino”.

Sempre disse a elas que qualquer pessoa, independente de ser menino ou menina, pode fazer tudo que desejar.

Algumas atividades podem ser mais difíceis para algumas pessoas mas nada impede que elas pratiquem e aprendam. Nunca associo essa dificuldade ao gênero de uma pessoa.

Na hora de dar brinquedos sempre misturei coisas que são consideradas “de menino” com outras “de menina”. Eu não acho que um carrinho, por exemplo, é um brinquedo “de menino”. É apenas um carrinho e pronto. Da mesma forma, o menino “pode” brincar com bonecos de super-heróis mas se der uma Barbie, é o fim do mundo para alguns. Qual a diferença? Conheço um cara que disse que o filho não ia comer iogurte de morando porque era rosa. Oi?

Cada tipo de brinquedo ou brincadeira trabalha uma habilidade da criança, então se ela for exposta a várias coisas, aprenderá coisas diferentes.

Infelizmente não posso evitar que minhas filhas sejam influenciadas pelo comportamento de outras pessoas, principalmente na escola, que é onde elas acabam passando boa parte do dia.

As vezes percebo um dilema entre fazer ou não fazer algo que elas acham que é “de menino”. Na mesma hora já começo a conversar e explico que não há limitações. Elas não aprenderam isso em casa mas acabam assimilando por causa do comportamento das outras pessoas.

Não é fácil mas sigo ensinando o que acho certo e tentando empodera-las para que nunca acreditem que não podem fazer algo pelo fato de serem mulheres.

Inclusão nas decisões

Acho muito importante ouvir a opinião das minhas filhas sobre decisões que envolvem elas ou a nossa família. Nós sempre discutimos as coisas e quando não aceitamos uma opinião, explicamos os motivos.

Acho que dessa forma ensinamos duas lições valiosas, primeiro é que a gente deve sempre contribuir com a nossa opinião e segundo é que nem sempre ela será aceita. E isso não é o fim do mundo, é a vida real. Imagina a frustração que um cidadão que está acostumado a ter e fazer tudo que tem vontade terá quando crescer.

Ensinar que existem regras e limites

Além de ensinar que elas tem direitos, nós também ensinamos que elas tem deveres a cumprir, em casa e na sociedade. E que quando não seguimos as regras (ou leis), há consequências.

Aqui, a punição para o desrespeito de uma regra é remover um privilégio. Esconder o carregador do iPad, por exemplo, funciona que é uma beleza. Não acreditamos em bater.

Na idade das minhas filhas (8 e 11), elas já entendem que há leis e que o cidadão que não cumpre, pode ser preso ou tomar uma multa.

Fazer o bem e ajudar ao próximo

Acho que praticar o bem e ajudar o próximo vem junto com ensinar sobre amor e respeito.

Se podemos ajudar uma pessoa que está precisando, temos o dever de fazer isso.

Sempre digo as minhas filhas que se elas não sabem o que fazer, basta se colocar no lugar do outro. Se vocês estivessem nessa situação, o que vocês gostariam que as outras pessoas fizessem por você. E automaticamente a resposta virá.

Alguém caiu? Não fique rindo, dê a mão.

Você viu uma pessoa está com fome e tem como ajudar? Faça isso.

Alguém está sofrendo com bullying ou racismo? Não dê as costas, dê suporte e diga NÃO junto.

Esses dias a mãe de uma menina que estava sofrendo bullying deixou uma mensagem no meu instagram agradecendo por Elena ter ajudado a filha dela num momento difícil. Eu não sabia o que tinha acontecido e liguei para a outra mãe para perguntar. A atitude da Elena encheu meu coração de alegria e me deu a certeza de que estou orientando no caminho certo.

Percebo que elas estão começando a se envolver mais na escola, oferecendo ajuda a professores e participando de ações que eles promovem para a ajudar a comunidade. O plano é que agora que elas estão maiores, é participarmos juntas de trabalhos voluntários.

Bons cidadãos

Conscientização ambiental

Cuidar do mundo em que vivemos é dever de todos!

Assim como devemos respeitar outros seres humanos, devemos respeitar os animais e a natureza. E podemos fazer isso em pequenas atitudes do dia a dia como reciclar o lixo, cuidar do jardim ou incentivar as crianças a terem mais contato com a natureza, por exemplo.

Nós amamos acampar e acreditamos que essa exposição ensina as nossas filhas a apreciarem mais a natureza. Elas também tem a oportunidade de participar de programas educativos que ensinam sobre o meio ambiente e o ecossistema de cada local que visitamos. E quando não dá para acampar, uma caminhada num dos parques perto de casa, também nos faz o mesmo bem.

Comunicação aberta

Conversar, conversar, conversar! Claro que o nível da conversa será apropriado para a idade. Mas acho importante que elas entendam que podem contar comigo sempre, para perguntar ou falar sobre qualquer coisa, sem julgamentos.


Projeto Mães no Canadá

Passa lá nos outros blogs/canais para conferir o que elas tem a dizer:

Livi

Baiana expatriada em Toronto. Adora escrever sobre suas viagens em família e experiência de vida em Toronto

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1 Resultado

  1. Gabriela disse:

    Realmente Livi, dar o exemplo é sim o primeiro passo. Ótimo texto. Beijos enormes

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