Opiniões pessoais que mudaram depois de morar em Toronto

Hoje é dia do projeto #VidaEmTO e esse mês eu e as outras blogueiras vamos falar de algumas opiniões que tínhamos no Brasil e que mudaram depois que chegamos aqui.

De todos os temas que escolhemos para o projeto, esse foi sem dúvida o que mais tive dificuldade para escrever, por dois motivos.

O primeiro é que não queria falar de opiniões ou impressões que tinha sobre a cidade de Toronto, ou o Canadá, e sim trazer para o lado mais pessoal, no sentido do que mudou em mim.

O segundo é que já moro aqui há tanto tempo que já não sei mais se as opiniões mudaram simplesmente porque amadureci ou por ter vindo morar aqui.

Refleti bastante e fui buscar lá no fundo algumas coisas do tempo que cheguei na cidade, em 1998.

Como as minhas idéias não estão tão fresquinhas assim convidei duas pessoas que chegaram recentemente para compartilhar suas opiniões.

Vamos lá!

Todo mundo que mora fora é rico

Acho que no fundo, no fundo, muita gente acha que quem mora fora é rico, afinal ganha em Dólar, Euro, Libras…

Com 19 anos, a minha idéia não era muito diferente. Eu pensava assim, uau o salário é $x por hora, vezes 8 horas por dia, vezes 40 horas semanais…vou ficar montada na grana!

Mas a realidade é que, assim como eu, muitas pessoas acabam esquecendo que aqui todas as contas também são pagas em dólares. O custo de vida em Toronto é alto e o salário que parecia ser alto, não é bem a fortuna que eu imaginava.

Viver no exterior era glamoroso como nos filmes

Essa foi outra idéia que mudou bem rapidinho. Não, a vida não é um filme de Hollywood que você muda para um país de primeiro mundo e automaticamente passa a viver uma vida de luxo, com muito glamour. Principalmente no começo. Esse pensamento meio que anda junto com o anterior né?

Temos que trabalhar duro para reconstruirmos a vida que deixamos para trás. Sem amigos, sem família, sem falar o idioma, com o dinheiro contado no bolso a minha vida era tudo, menos glamorosa.

Aqui somos nós por nós mesmos, então temos que colocar a mão na massa para fazer muitas coisas. Aceitar isso nos dá outra perspectiva da realidade.

Achar que precisava tomar remédio para qualquer coisa

No Brasil temos acesso mais facilmente a muitos medicamentos e as vezes até abusamos, tomando remédio para qualquer besteira.

Aqui no Canadá não temos essa facilidade, quando precisamos de alguma coisa mais forte, precisamos ir num médico. Acontece que aqui eles também são muito mais cautelosos antes de receitarem qualquer coisa. Dependendo do problema a recomendação é esperar para ver se o nosso corpo resolve.

Eu ficava louca no começo pois nem sempre conseguia o remédio que achava que precisava. Quando ia ao médico com uma gripe terrível e eles diziam beba muito líquido e se precisar, tome um Tylenol, ficava super chateada. Pensava meu Deus isso vai virar uma bronquite ou pneumonia porque eles se recusam a me tratar. Um sentimento meio hipocondríaco.

Hoje mudei a minha forma de pensar e sinceramente até prefiro evitar tomar remédios sempre que possível.

Leia também esse post com nomes de remédios no Canadá.

Aprendi que não preciso de muita coisa para ser feliz

Chegar aqui com minha vida em duas malas me fez reavaliar o que é que eu realmente preciso para ser feliz em termos de bens materiais. E é muito menos do que eu pensava antes de chegar aqui.

Mudei o meu conceito do que é “normal”

Antes de mudar para Toronto, nunca tinha viajado para o exterior e estava acostumada apenas aos costumes e tradições brasileiras. Isso era o que eu considerava normal.

Aqui, convivendo com pessoas de diversos países, minha tolerância para certos comportamentos aumentou. Afinal, para que todos esses povos possam viver juntos, do jeito que vivem aqui, esse tipo de respeito com o outro é indispensável!

Com o tempo essa questão do que é normal para mim também mudou porque comecei a fazer coisas que não fazia antes de vir morar em Toronto. Veja por exemplo alguns costumes canadenses que adquiri.

Saudade dói mas não mata ninguém

Nos primeiros 6 meses que passei no Canadá, chorei quase todos os dias de saudade. Eu achava que seria impossível suportar a falta que a minha família fazia. Mas aos poucos, essa idéia foi mudando. Não me entenda mal, a família ainda faz muita falta mas aprendi a lidar com isso de uma forma muito melhor.

A diversidade era muito maior do que eu imaginava

A minha prima Joilce passou 3 meses em Toronto, fazendo intercâmbio no ano passado e o que viveu aqui lhe fez repensar algumas atitudes.

Eu já sabia que Toronto era uma cidade multicultural com imigrantes do mundo inteiro mas não tinha noção da dimensão. Acho que não existe outro lugar no mundo onde tantas culturas e pessoas diferentes convivam tão harmoniosamente, com muito respeito e sem preconceitos. Também não imaginava que viver essa multiculturalidade me faria repensar atitudes e reavaliar o que é valioso para mim.

Eu sei que ampliar os horizontes é um assunto bem batido, mas estar em contato com pessoas do mundo todo, conhecer mais seus valores, costumes, tradições e também aflições foi muito enriquecedor!

Aprendi a deixar os meus filhos voarem mais soltos

A Carol é uma pessoa querida que conheci através do blog. Ela se mudou para cá a pouco mais de uma ano com seu marido e dois filhos lindos, de 5 e 3 anos. Nesse tempo ela já passou por uma mudança interior em relação a forma como cria seus filhos.

No Brasil eu era uma mãe muito mais super protetora. Por exemplo, se estávamos num parquinho ficava sempre ao lado deles, com medo que pudessem cair e se machucar. Quando cheguei, as outras mães me chamavam de ‘helicopter mom’ por causa desse hábito. Com o tempo, vendo a forma como as crianças daqui são criadas aprendi a deixar meus filhos a voarem mais soltos e sou muito mais tranquila com a independência deles.

E você, notou alguma mudança em suas opiniões pessoais ao visitar ou morar num lugar diferente? Conta para mim aí nos comentários.

Projeto #VidaEmTO

E não esquece de passar lá nos outros blogs para conferir os outros posts do projeto.

Mirella | Blog Casal Mikix

Gabriela | Gaby no Canadá

Mariana | Virei Canadense

Carina | Outside Brazil

Livi

Baiana expatriada em Toronto. Adora escrever sobre suas viagens em família e experiência de vida em Toronto

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12 Resultados

  1. Michelle disse:

    Pra mim o melhor resumo disso tudo é: “Aprendi que não preciso de muita coisa para ser feliz”. Exatamente isso.

    • Livi disse:

      Oi Michelle,

      Issa foi a coisa mais importante para mim também. A felicidade está também na forma como encaramos a vida! Beijos

  2. Adorei que vc pediu a opinião de outras pessoas… realmente depois de tanto tempo é difícil lembrar de como pensávamos. Eu que só moro aqui há 7 anos achei super difícil escrever o post! Beijos

  3. Adorei seus pontos de vista, especialmente esse que colocou no comecinho: “já moro aqui há tanto tempo que já não sei mais se as opiniões mudaram simplesmente porque amadureci ou por ter vindo morar aqui.” …
    Quando fui escrevi, também pensava na mesma coisa…

    • Livi disse:

      Nossa nem fale, fiquei um tempão sem conseguir sair do primeiro parágrafo hehehe
      Acho que nos primeiros meses após a mudança nós percebemos a diferença mais facilmente. Beijos

  4. Cintia disse:

    Oi Livi, adoro o seu blog/posts! Já morei na Holanda por 5 anos e mudei para Toronto no início do mês. Posso dizer que concordo com os pontos descritos, especialmente o que a gente não precisa de tanta coisa para ser feliz. O importante são os nossos filhos/marido e o restante da família fica no nosso coração. Skype/facetime/whatsapp estão aí para ajudar. Estou gostando bastante da diversidade daqui, e principalmente do respeito que todos tem com quem acaba de chegar. Aqui vejo que realmente há diversidade.

    • Livi disse:

      Com certeza Cintia! As pessoas que amamos são o mais importante.

      Seja bem vinda! Desejo tudo de bom para você e sua família nesse recomeço.

  5. Otimo post! Tambem aprendemos que nao precisamos de quase nada pra viver. A vida cabe facilmente em uma mala. O resto sao superfluos, apegos, coisas que juntamos e julgamos ser imprescindiveis mas nem sempre sao.
    Estamos aprendendo a cada dia a dar valor ao que realmente importa. Tem sido uma experiencia maravilhosa, sem duvida!

  6. Fatima Witmer disse:

    Hi Live, concordo com vc , me vi representar no que vc escreveu, sou Baiana como vcs, tb chegei aqui em 1983 , meus filhos nasceram aqui, voltei a cursar navamente Universidade aqui, trabalhei muitos anos e apesar de todos esses anos , ainda me pego, as vezes, refletino entre a realidade aqui e ( e muitos familiares, que estao no brasil ) ainda pensam
    do que e viver fora , em outro pais.

    • Livi disse:

      Oi Fatima,

      Pois é, quem não conhece tem uma idéia totalmente diferente do que é viver aqui. Bom encontrar outra baiana na área! 🙂
      Beijos

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