Medicina do Primeiro Mundo

O sistema de saúde canadense é tido como um dos melhores do mundo e realmente é, o grande problema são alguns profissionais que não valem nada. Já contei que a minha filha fraturou a clavícula direita. Agora vou contar sobre o atendimento recebido.

Foi uma coisa bem boba, ela caiu do sofá. Na hora do acidente não imaginei que ela poderia ter se machucado, achei que o choro ia passar. Não sou o tipo estressada que vai no médico por qualquer coisa. Uma hora e meia depois ela continuava chorando e gritava sem parar, comecei a achar que algo estava errado. Resolvi levar a um hospital. Na hora da agonia achei que seria mais rápido se chamasse uma ambulância para um exame preliminar. Assim eles levam e você não precisa ficar esperando horas para ser atendido. Assim eu pensava. Liguei para o 911 e chamei a ambulância, a mulher na linha me fez milhões de perguntas, mandou abrir a porta, acender a luz da varanda e prender qualquer animal de estimação para facilitar o atendimento. E ficou comigo na linha até o socorro chegar.

Chegaram rápido, em poucos minutos. Mas para minha surpresa quem chegou foram os bombeiros tocando sirene e tudo. Três homens gigantes, cheios de malas e macas. Olharam ela e acharam que estava tudo bem e que devia ser dente (me poupe viu, eu ia chamar ambulância para dente????!!!). Logo depois chegou a ambulância e dois paramédicos com jaqueta fosforescente, coisa de outro mundo! A paramédica nem olhou a Elena direito, disse que ela não tinha como saber se tinha algo quebrado pois não tinha visão de raio X e que era melhor levá-la no hospital, mas ela achava que não era nada. E a pobre bebê chorando e muito assustada com tanta gente.

Meu diálogo com a paramédica foi mais ou menos assim:

Eu:  Ok então vamos de ambulância para o hospital pois será mais rápido.

Paramédica:  Não será, não irei ligar a sirene pois não é caso de urgência.

Eu: Uhhhh… (pausa para controlar a raiva). Tá bem mas pelos menos no hospital ela será atendida logo né?

Paramédica: Não, pois não é caso de urgência.

Eu: ….(pausa para controlar a revolta)

Eu: Então deixa que eu levo minha filha para o hospital assim você fica livre e vai atender os casos urgentes.

Paramédica: Não…todos os casos são importantes. Eu posso levá-la mas não terá nenhuma prioridade. Se você preferir levar então vai ter que assinar um termo de responsabilidade.

Agora me responda, se ela não tem visão de raio x como pode saber se não tinha uma fratura ou sangramento interno. Tudo bem que a queda foi boba mas a criança estava transtornada e não agia normalmente. E a ambulância custa $100 e se eu estou pagando quero a sirene e tudo! Tá bom, é stress de mãe.

Assinamos o papel e levamos no hospital North York General. O retardado do médico nem tirou a roupa da menina para olhar, já afirmou que não havia nada errado. Insisti mas não teve jeito, ele disse que não ia fazer uma tomografia na cabeça para não dar cancer (!). Pela altura era óbvio que não teve nada na cabeça. Pedi que ele fizesse só um raio x do tórax pois ela chora quando se mexia. Não, vai expor a menina a radiação desnecessariamente (!). Fomos embora roxos de raiva.

Passamos a noite com Elena chorando e gemendo. De manhã cedo levamos no hospital de crianças no centro de Toronto, o Sick Children. Pelo menos lá tivemos um atendimento bom. Assim que chegamos nos encaminharam para um quarto e a médica chegou imediatamente. Fez um exame bem detalhado, fez várias perguntas e chegou a conclusão que realmente algo estava errado. Uau e eu sem diploma sabia disso.

Suspeitaram que poderia ter fraturado a clavícula e fizeram raio x para confirmar. A radiação não foi mencionada desta vez. Diagnóstico confirmado, infelizmente quebrou a clavícula direita. O médico explicou e mostrou a radiografia. Não foi preciso engessar pois em crianças esse tipo de fratura sara em menos de 1 mês. Receitaram um remédio para dor, anti-inflamatório e mandaram embora.

Lição aprendida: qualquer problema com crianças dirija-se ao hospital infantil mais próximo (Sick Children em Toronto) e não chame a ambulância a não ser que tenha sangue em abundância.

São tantas coisas que acontecem ao nosso redor  que sinceramente as vezes dá vontade de jogar tudo para o alto e ir embora. Conheço gente que foi embora por isso. Mas enfim vou ficando e sempre que vou no Brasil faço check ups. No mais rezo para não precisar dos serviços dos médicos daqui tão cedo.

Livi

Baiana expatriada em Toronto. Adora escrever sobre suas viagens em família e experiência de vida em Toronto

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4 Resultados

  1. Como que vc faz os checkups no Brasil? Paga tudo no particular? Mantém um plano médico lá? E acha que vale a pena comparando a pagar particular por aí mesmo?
    Bjo!

    • Livi disse:

      Oi Rafaela,

      Esse post é bem antigo e de lá para cá aprendi a procurar médicos melhores aqui. Claro que de vez em quando aparece um incompetente. Graças a Deus tenho médica de família e pediatra ótimas. No Canadá, não podemos chegar em nenhum lugar e exigir um exame, mesmo pagando. O sistema de saúde é público para todos.

      Quando vamos ao Brasil faço alguns exames e pago por eles. Não temos planos de saúde lá.

      Me estressava muito no começo com o sistema de saúde daqui mas agora até que já acostumei.

      Beijo

  2. Tathy disse:

    Caramba, precisa estar em estado de morte pra eles fazerem alguma coisa….ainda bem que deu tudo certo no final.

    Adorei seu blog, as fotos e a Elena linda. Bjssss

    • Livi disse:

      Sabe o seriado Plantão Médico onde os médicos correm para te atender e dão a maior atenção? Aqui não é assim…
      Obrigado e seja bem vinda!

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