Passeio para observação de baleias em Victoria

Um dos momentos mais esperados da nossa viagem para o oeste do Canadá foi o passeio para observação de baleias. Apesar dele não ter acontecido da forma que desejávamos, curtimos demais e foi, sem dúvida, a experiência mais marcante de toda a viagem.

Nós fizemos o tour com a Eagle Wing (www.eaglewingtours.com), empresa indicada pela Secretaria de Turismo de Victoria e classificada como a melhor na cidade pelo Trip Advisor. Ficamos muito satisfeitos pois tanto o capitão quanto a tripulação sabiam muito sobre a região e estavam sempre dispostos a tirar dúvidas. Eles também demonstravam uma preocupação genuína em preservar todo o ecossistema da região. Inclusive o nosso capitão foi notícia nos jornais canadenses essa semana por se meter na frente de um barco da marinha que conduzia testes com explosivos no mar, numa distância que podia atrapalhar o sonar das orcas. Portanto colocando-as em perigo. Você pode ver a reportagem e o video dele reclamando com a marinha aqui.

Os barcos da Eagle Wing partem do Fisherman’s Wharf (12 Erie St), um atracadouro bem interessante, onde lojas, restaurantes e casinhas ficam permanentemente ancoradas. Caminhamos uns 10 minutos do hotel Embassy Inn até lá, apreciando os jardins e casinhas de Victoria. Antes do passeio eles explicam as regras de segurança e o que tipos de animais podemos encontrar.

Tipos de barcos

A Eagle Wing possui duas opções de barcos, aberto e fechado.

Diferente de outras empresas que usam zodiac, uma espécie de barco inflável com motor, sem banheiro e que os passageiros precisam ficar sentados, a Eagle Wing possui uma frota de lanchas bem confortáveis e com banheiro. Nós podemos levantar e há uma pequena plataforma de observação no fundo da lancha. A desvantagem é que ficamos totalmente expostos ao tempo, seja sol ou chuva.

Ficamos com medo de ir no barquinho aberto por causa das meninas e escolhemos o fechado, ou melhor, semi fechado. Digo isso porque os catamarãs possuem a parte interna climatizada, com cadeiras confortáveis, banheiros e prateleiras para guardar nossos pertences. Mas quem não quiser ficar dentro pode sair, andar pelo lado de fora e até subir na parte de cima, onde fica o capitão. A gente ficou lá em cima com o capitão o tempo inteiro, ou seja, dava para ter ido no barco aberto sem problemas. A minha filha só queria ficar do lado do capitão

Primeira parada, Race Rocks

A primeira parada do tour é na reserva ecológica Race Rocks. Nesse local há uma grande concentração de animais, especialmente focas, que ficam deitadas mas pedras. O cenário, com as montanhas ao fundo, não podia ser mais bonito. Nós vimos também um casal de águias, elefantes marinhos e uma lontra chamada Ollie. Essa lontra é a única que vive na região e virou uma espécie de mascote para os barcos. Pense num bicho fofo.

Depois de passarmos um tempo observando os animais da ilha, seguimos pelo estreito Juan de Fuca e avistamos a primeira baleia jubarte ali pertinho. Não ficamos muito tempo acompanhando essa jubarte pois o capitão recebeu a notícia pelo rádio que havia um casal de jubarte mais ativas, logo adiante.

As jubartes

No Canadá é obrigatório manter uma distância mínima de 100m das baleias em águas canadenses e 183m em águas americanas. O capitão posiciona o barco e desliga o motor para não perturbarem as baleias. Mesmo assim as bichinhas são curiosas e as vezes se aproximam do barco. Aconteceu isso algumas vezes durante o nosso passeio, elas mergulhavam de um lado e de repente apareciam pertinho do barco. Tinha um zodiac na nossa frente, que a baleia subiu tão perto que acho que dava até para passar a mão (risos). O capitão deixou elas passarem e depois se afastou novamente.

Esse barquinho amarelo da foto é um zodiac.

Depois de observar por um tempo, aprendemos que dá para prever mais ou menos o local que a baleia vai sair, olhando o seu “rastro” digamos assim. Explico. Toda vez que elas sobem para respirar e jogam água para cima, aparece uma espécie de círculo no mar. Dá para ver que esses círculos ficam na linha que a baleia está nadando e para saber o próximo local que ela sairá basta seguir essa linha, mais ou menos na mesma distância entre cada círculo. Não dá sempre certo mas na maioria das vezes dá. Momentos antes dela sair formam-se bolhinhas na água e de repente a baleia aparece. O pessoal do barco já tem o olho treinado e sempre indica onde elas vão aparecer para a gente poder apontar a câmera.

Momentos antes da baleia aparecer

Por causa dessa distância entre o barco e baleia, é preciso ter uma lente com zoom de pelo menos 300mm se quiser tirar aquelas fotos bem de pertinho. Eu não tenho uma lente assim, então as minhas fotos ficaram mais distantes. Paciência, eu já sabia que ia ser assim. O importante é aproveitar o momento.

Passeios para observação de baleias são imprevisíveis e é preciso ter uma certa sorte para vê-las ativas, saltando para fora da água. Nós não tivemos essa sorte e isso me frustrou um pouco. Elas giravam na água, colocavam o rabo para cima, mas pular para fora mesmo, não fizeram. Não sei se o horário influencia alguma coisa, nós fomos no segundo barco do dia.

Essa foi a primeira vez que vimos jubartes e amei. Mas confesso que bateu uma tristeza por não ter visto orcas. Segundo o nosso capitão, esse ano as orcas não estão ficando muito na região devido a escassez do salmão chinook, que é o principal alimento na dieta delas. Elas estão indo mais longe procurar comida e as vezes passam dias sumidas. As orcas geralmente andam em grupos, que eles chamam pods. Nós fizemos o passeio no dia 23/06 e dois dias depois vi na página do Facebook deles avisando que as orcas tinham retornado. Fazer o que… teremos que ir novamente.

Garantia de ver baleias

A Eagle Wing possui uma garantia de que veremos baleias no tour, caso contrário o próximo tour será gratuito. Essa garantia não especifica o tipo de baleia mas como a maioria das pessoas querem ver as orcas e elas não apareceram mo nosso tour, eles ofereceram um desconto para quem quisesse fazer o passeio outro dia.

Eles geralmente sabem quais baleias estão na região e a localização, pois todos os barcos, de todas as empresas se comunicam. O capitão fica com rádio e o celular na mão o tempo inteiro e assim que alguém avista uma baleia, todos recebem a notícia.

Dicas importantes

– A temperatura no mar é mais fria que em terra, ficando em torno de 10C a menos. Então mesmo num dia mais quente é bom levar um casaco para se proteger do vento ou pegar um emprestado com eles. A Eagle Wing disponibiliza casacos e gorros para adultos e crianças gratuitamente. Eles ficam dentro do barco.

– Não esqueça o protetor solar. Deixe o chapéu no hotel, o vento é muito forte e ele vai acabar voando.

– O passeio é longo, o nosso demorou em torno de 4 horas. Por isso recomendo levar água e lanches. Eles vendem algumas coisas tipo barrinhas de cereais, água e refrigerante dentro do barco, mas as opções são bem limitadas.

– Ao contrário do que esperava, os barcos quase não balançam e não vi ninguém enjoado. Mesmo assim eu recomendo tomar um Dramin antes do passeio. Eu fiz isso e ninguém passou mal. Aqui, o remédio equivalente ao Dramin é o Gravol. Leia sobre os nomes de remédios no Canadá aqui.

– Marque o tour com antecedência pois os barcos saem lotados no verão. Na Eagle Wing há uma política de cancelamento gratuita, então se mudar os planos bastar cancelar dentro do prazo.

– Há vários tours diferentes, inclusive um para ver as baleias e o por do sol. Esse que fizemos é o day tour e custa $135 por adulto, $105 de 13-17 anos e $85 de 3-12 anos. Os preços mudam de acordo com a estação e tipo de passeio. Mesmo sendo um investimento alto, acho que vale cada centavo por tudo que ele oferece.

– A Eagle Wing oferece transporte gratuito a partir de qualquer hotel no centro de Victoria. Basta ligar e marcar com eles antes do dia do passeio ou pedir ao concierge do hotel para fazer isso por você.

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Queria deixar o meu sincero agradecimento às secretarias de turismo das cidades de Victoria e  Vancouver, que nos ajudaram no planejamento dessa viagem e nos ofereceram ingressos para diversas atrações, inclusive esse passeio para observação de baleias.

Livi

Baiana expatriada em Toronto. Adora escrever sobre suas viagens em família e experiência de vida em Toronto

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6 Resultados

  1. Adriana Salvão Vanni disse:

    Muito boa essa reportagem… adorei,estamos pensando em ir para a coste oeste do canada em setembro,para vermos os platanos coloridos,,,qual sera a melhor data? Tb queremos ir ate o Alaska,como conciliar as 2 viagens numa data propicia?
    Se puder nos ajudar ,aguardo retorno
    Obrigada

  2. Lou Moraes disse:

    Olá. vou em janeiro/18 para toronto com minha filha de 14 anos. eu e ela queriamos saber se é possivelum passeio de 2 dias por ottawa, montreal e quebec. saindo numa sexta de tarde e voltando num domingo. agradecida.

  3. Lis disse:

    Adorei! Estava esperando esse post! Mas n sei se faço esse passeio. Já sabia q eh difícil vê-las. Por isso fiz um passeio pra ver os ursos quando fui a Tofino!

    • Livi disse:

      Lis,

      Eu acho que vale a pena sim! Nós demos azar pois no dia não tinha orcas mas agora elas retornaram. Pelo que li temos mais chances de vê-las no verão, fim de junho até fim de agosto. Vou voltar em Victoria só para fazer esse passeio novamente 🙂
      Beijos

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